Um estudo iniciado no mês de maio por um grupo de cientistas brasileiros de diversas instituições mostrou que soros produzidos por cavalos tiveram resultados até 50 vezes mais potentes contra o Sars-CoV-2 do que os presentes no plasma sanguíneo de pessoas infectadas por covid-19.
O resultado, anunciado na última semana, é considerado promissor pelos estudiosos responsáveis pela pesquisa e pode ser um tratamento mais eficaz contra a doença.
Agora, os pesquisadores aguardam uma autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar a testar o soro em seres humanos.
De acordo com o estudo, o coronavírus tem uma proteína em forma de coroa, a Spike. É dessa forma que ela se liga aos receptores das células humanas para se multiplicar.
Cavalos receberam essa proteína e os pesquisadores acompanharam a produção de anticorpos semanalmente. Os primeiros resultados mostraram que os anticorpos produzidos por equinos são muito mais potentes. Esses anticorpos então são purificados e podem ser injetados nos pacientes contaminados pela covid-19.
Fase de testes
Embora ainda esteja em fase de testes, os resultados positivos da pesquisa animaram a comunidade cientifica brasileira. “Temos que fazer tudo com muito cuidado para não criar falsas ilusões”, ponderou o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio (Faperj), Jerson Lima Silva, que é pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e participou do projeto. “Mas a resposta foi impressionante, muito acima das nossas expectativas.”
O trabalho foi submetido à publicação no último dia 13 de agosto, em sessão científica na Academia Nacional de Medicina (ANM). Na mesma ocasião, Lima Silva anunciou o depósito de uma patente do soro.
Vale ressaltar que este tipo de terapia com sorologia é usado há décadas em doenças como a raiva, o tétano e picadas de escorpiões, abelhas e cobras. De acordo com Silva, ainda é preciso responder qual é a melhor fase da infecção do coronavírus para a aplicação dos anticorpos neutralizantes em humanos, mas ele acredita que será em pacientes moderados e hospitalizados.
Os testes clínicos poderão ser feitos em parceria com o Instituto D’Or, que atualmente lidera as pesquisas da vacina contra o coronavírus da AstraZeneca e da Universidade de Oxford no Rio de Janeiro.
A pesquisa tem apoio financeiro da Faperj, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Texto: Jequitibá Comunicação Estratégica